domingo, novembro 15, 2009

Um final feliz

Gervásio deambulava, deprimido, abúlico, absorto e sem destino, pelas ruas da cidade. A vida fora-lhe madrasta e não se lembrava sequer de há longos anos ter um único momento de felicidade. Por várias vezes ponderara pôr termo à vida mas nunca arranjara coragem para realizar tal intento.
- Ah, quem me dera um momento, um único momento de felicidade nesta miserável existência!
E foi mergulhado nestes pensamentos que Gervásio entrou na rua da Felicidade no momento em que esta era guindada para a rua.
Naquela manhã, na rua da Felicidade, cumpria-se a rotina das manhãs em que ela, a Felicidade, mulher de 28 anos e 230 quilos de peso, necessitava de sair para fazer exames médicos.
O carro dos bombeiros, equipado com um guindaste, estacionou junto ao prédio da Felicidade a fim de a retirar pela janela da sala daquele 6º andar acanhado e a depositar na ambulância que a levaria ao hospital.
Snap! Um estalido, o cabo do guindaste a partir-se e, com estrondo, Felicidade a despenhar-se sobre Gervásio.
Gervásio morreu logo ali... com a Felicidade estampada no rosto...